O ministro da Educação, Fernando Haddad, pretende criar um grande centro acadêmico na área hoje ocupada pelo Complexo Psiquiátrico Franco da Rocha, no município paulista do mesmo nome. Para isso, fez um apelo nesta terça-feira, 8, aos prefeitos dos municípios da bacia do Rio Juqueri, na região metropolitana de São Paulo, e a deputados federais e estaduais paulistas.
Em visita ao complexo, que hoje funciona apenas para atendimento ambulatorial, Haddad pediu ousadia para instalar, naquela área, um campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma unidade de Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) e outras instituições de educação superior, além de áreas de lazer. “É uma área muito grande, com mais de seis milhões de metros quadrados”, salientou o ministro. “Precisamos de ousadia para atender a uma aspiração da população e criar aqui um marco de referência não só de ensino, como de convivência.”
O ministro disse ainda que o conceito de cidade-dormitório presente em políticas urbanistas de meados do século passado não se aplica mais. “Agora, é preciso levar os equipamentos e os serviços públicos a todas as regiões, como forma de garantir a vitalidade econômica”, observou. “É o caso específico desta região no entorno de São Paulo.”
A implantação do centro acadêmico e outras melhorias naquele sítio histórico, instituído em 1898 pelo governador Bernardino de Campos (1841-1915), passará por discussões das bancadas parlamentares federal e estadual do estado de São Paulo sobre a liberação de recursos para as obras. “Precisamos convocar arquitetos e urbanistas para a elaboração de um projeto de grande monta”, afirmou Haddad. “Não vamos mexer na obra original impunemente; temos de preservá-la.”
USP — Indagado sobre os incidentes ocorridos na madrugada desta terça-feira, 8, no campus da Universidade de São Paulo (USP), no bairro do Butantã, na capital paulista, Haddad resumiu: ”Não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia; nem a cracolândia como se fosse a USP”.
Pioneiros — O psiquiatra paulista Francisco Franco da Rocha (1864-1933) fundou, no fim do século 19, o Asilo de Alienados do Juqueri, hoje Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em São Paulo. Foi um dos pioneiros no uso da laborterapia, tratamento que não feria a dignidade dos pacientes. Eles faziam trabalhos como manutenção de hortas e pomares e outras atividades manuais. Franco da Rocha desenvolveu papel importante na introdução da psicanálise no Brasil, ao lado do também psiquiatra e professor baiano Juliano Moreira (1873-1932).
Diretor do Hospital Nacional dos Alienados do Rio de Janeiro, Moreira foi pioneiro ao incorporar a teoria psicanalítica no ensino da medicina no Brasil. Em seu trabalho para humanizar o tratamento psiquiátrico, acabou com o aprisionamento dos pacientes e defendeu a ideia de que a origem das doenças mentais estaria associada a fatores como falta de higiene e de acesso à educação. Divergia, assim, do pensamento vigente no meio acadêmico, que atribuía os problemas psicológicos do Brasil à miscigenação.
Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Educação
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