O governo vai bancar uma espécie de cursinho para que médicos formados em Cuba possam atuar no Brasil. A ideia é facilitar a revalidação dos diplomas, oferecendo um reforço gratuito em universidades brasileiras com assuntos não abordados na graduação cubana, como noções do Sistema Único de Saúde (SUS). O curso seria dado antes da prova para reconhecimento do diploma. Sem a validação, eles não podem trabalhar no País.
Atualmente, para ter autorização de exercício profissional, médicos formados em outros países têm de passar por um exame organizado nacionalmente, o Revalida, ou se submeter a provas feitas por algumas universidades federais – que não aderiram ao exame nacional. O processo, no entanto, não é fácil.
Neste ano, dos 677 inscritos no Revalida, 65 foram aprovados. Em 2010, quando a prova foi lançada, os resultados foram mais baixos: dos 628 candidatos, dois tiveram permissão para trabalhar no Brasil. Com o reforço, brasileiros formados em Cuba teriam mais chances no exame de validação.
Assinado em setembro durante uma visita a Cuba do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o acordo entre universidades estaduais e a Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), de Cuba, permite ainda que, durante o período de aperfeiçoamento, profissionais trabalhem, numa espécie de estágio.
A Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia, já prepara os detalhes do curso. Além das aulas teóricas e práticas, os formados receberiam, no período de dez meses do curso, uma espécie de bolsa de ajuda de custo, no valor de R$1.240.
O reitor da universidade, Joaquim Bastos, prevê que, além dos R$ 2 milhões para bolsas, seriam necessários recursos para paga cerca de 15 professores que ficariam responsáveis pela formação. Ainda não se sabe, no entanto, quem vai pagar a conta. Isso se resolve. O projeto tem todo empenho da secretaria da saúde, simpatia do governo do Estado e do ministro.”
Oficialmente, ninguém assume a responsabilidade. O Ministério da Saúde, por meio da assessoria, disse que o projeto tem apoio de Padilha. Mas não há previsão de oferta de recursos, nem de envolvimento da pasta no projeto.
O secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla, avisou que não há nada definido. Terça-feira, em Brasília, disse que os projetos estão avançados, mas admitiu haver preconceito em relação ao curso feito em Cuba. ”O nível do ensino é muito bom”, garantiu. Mesmo sem saber de onde dinheiro virá, Bastos recebeu a recomendação de preparar um curso já para. “Não será uma iniciativa eterna. A ideia é fazer dois, três cursos.”
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