quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Santuário Atropelado

O Santuário dos Pajés foi invadido. De novo. A antiga reserva do bananal hoje abriga um gigantesco canteiro de obras do que será o futuro “Setor Noroeste”, conjunto residencial de luxo.

A reserva do Bananal é sítio arqueológico, lar de etnias indígenas, bacia de lençol freático do Ribeirão do Bananal e uma das poucas áreas preservadas de cerrado nativo nas imediações do Plano Piloto.

O empreendimento acumula irregularidades, violações dos direitos indígenas e crimes ambientais. A retirada de mata nativa para dar lugar às construções, a invasão de Área de Proteção Permanente, o desenrolar da obra sem o devido licenciamento ambiental, a completa ausência de consulta aos povos indígenas e as ameaças de morte quem muitos índios sofrem são alguns deles.

As etnias residentes na área, os Fulni-ô-Tapuya, Cariri-Xocó e Tuxá, foram empurrados pelo empreendimento e obrigads a viver uma área muito pequena, cercada pelos blocos residenciais em construção. Como se não fosse suficiente desrespeito, na manhã de hoje tratores e funcionários da Emplavi invadiram a terra indígena com tratores, retirando vegetação nativa e cercando com arame farpado o que, segundo informa a placa informativa da Emplavi, seria o Bloco J da SQNW 108.

Há indícios de queima no solo, e um volume muito grande de entulho de construção acumulado na mata.

Atendendo a denúncias, um Policial Militar compareceu à área por um curto período de tempo, deixando uma ordem expressa para que se interrompesse a preparação do canteiro. Sua presença gerou discussão entre indígenas e o advogado da empresa, ligado diretamente à presidência da Terracap. Apesar desta ordem, plea tarde tratores continuaram a trabalhar abrindo o que parecia ser uma rua de acesso ao “bloco J”, cortando toda a extensão da Reserva.

A destruição continua, com a conivência e com a chancela do poder público. É uma ironia triste: no mesmo dia em que o filme “Sagrada Terra Especulada” foi premiado no Festival Brasília de Cinema Brasileiro, acontece mais um desrespeito deste porte.

Neste momento, o Santuário está sob ataque novamente. Além de invadirem e cercarem a terra, a Emplavi começou hoje a construir muros de ferro dentro do terreno.

Assista ao filme:



Assessoria de comunicação do DCE da UnB

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