domingo, 24 de maio de 2009

O Circo pede socorro!

A história do circo no Brasil não vem do parlamento nem reside no ponto da marmelada, mas remonta o século XIX com as lonas estrangeiras que fomentaram a arte. Antes disso, no entanto, grupos de saltimbancos ligados às companhias de teatro faziam apresentações em todos o país, fato que é considerado como a origem de tudo para alguns historiadores. Mas a história oficial registra o nascimento em 1828, com o português Manoel Antônio da Silva.

Ele apresentou num ato só uma dança sobre um cavalo a galope, usando como local de exibição uma residência particular.

Entre anos atrás), chegaram tradicionais famílias circenses e ciganos europeus, originários principalmente da Rússia, Iugoslávia, Itália, Espanha, Romênia, Alemanha, Portugal e França (Palacios, Stevanovich, Neves, Romano, Garcia, Portugal, Bartholo, Robattini, Lavalovich, Neves, Zanquettini, Cerícola, Stankowich, Orfei e outras), os quais trouxeram seus leões, tigres, ursos, elefantes, macacos, cavalos, camelos, cães, gatos, rinocerontes, hipopótamos, camelos e outros bichos de sua convivência.

A partir da II Guerra o teatro buscou espaço no circo. Era uma oportunidade de os artistas se apresentarem usando uma montagem ágil e simples. Grande Otelo e Dercy Gonçalves foram atores que participaram do circo-teatro e fizeram sucesso com as obras "Coração materno", "O colar perdido" etc. Destacaram-se durante o século XX os palhaços Chicharrão (José Carlos Queirolo), Piolim (Abelardo Pinto), Arrelia (Waldemar Seyssel) e, o mais popular, Carequinha (George Savalla Gomes). Em 1982 foi criada a Escola Nacional de Circo. O Sindicato dos circos estimou em 2002 a existência de 400 circos no Brasil (entre pequenos e grandes).

Os circos hoje perseguidos por entidades que dizem defender os animais, têm pelo mais de 200 anos de atividades e de lida com animais, , em nosso país, diferentemente da Comunidade Européia, dos Estados Unidos, do Chile, do México, da Colômbia e de outros países, não há regulamentação específica concernente à presença de animais em circos. Apesar de as instalações dos circos brasileiros serem semelhantes às encontradas nos países mencionados, o Ibama (na quase totalidade das vezes instigado por pessoas contrarias a presença de animais em circos) e algumas organizações civis organizadas insistem em afirmar que os animais de circo são mal tratados e tirados de seus habitats para "serem explorados e confinados em circos". Os animais de circo são, em sua absoluta maioria, nascidos em cativeiro e encontram-se devidamente registrados no Ibama (para exemplificar, cito que o próprio Relatório de Inspeção do Ibama resultado da inspeção ao Le Cirque, realizado em Brasília/DF entre 15 e 25/08/2008, atesta que os animais possuem registro no órgão e que a origem está devidamente comprovada através das guias de importação e/ou do comprovante de nascimento dos animais no próprio circo ou em outros circos no Brasil. O Circo Estoril é outro exemplo e também provou em juízo que seus animais são todos nascidos em cativeiro). Qual o conceito de maus tratos, então?

As atividades de domador, adestrador, tratador e assemelhadas, são devidamente regulamentadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, ao menos, por outros dois dispositivos: A Lei Federal Nº 6.533, de 24 de maio de 1978, que dispõe sobre as profissões de artista e de técnico em espetáculos de diversões e dá outras providências, e o Decreto Federal Nº 82.385, de 5 de outubro de 1978, que regulamenta a primeira.

Por que não houve menção ou que o Projeto de Lei para proibir os animais no circo é um substitutivo ao Projeto de Lei N° 397, de 19/09/2003 de autoria do senador Álvaro Dias que já foi aprovado no Senado Federal? A proposta é completamente apoiada pelas entidades circenses brasileiras: A União Brasileira dos Circos Itinerantes (U.B.C.I.), a Associação de Famílias e Artistas Circenses (A.S.F.A.C.I.) e a Associação Brasileira de Artes, Cultura e Diversões Itinerantes (A.B.A.C.D.I.). O P.L. é de suma relevância para o circo brasileiro, uma vez que há uma série de burocracias estatais (especialmente em nível municipal) que dificulta as turnês dos circos em nossa pátria. Tampouco houve menção que a European Circus Association (E.C.A.) disponibiliza um documento intitulado "A Verdade sobre Animais em Circos", que esclarece a totalidade dos argumentos propostos por entidades que alegam maus tratos aos animais.

Também nada foi dito sobre um dos pôneis do Le Cirque, que após dias apreendido pelo Ibama, que veio a óbito, nem que um camelo fêmea passou mal, também depois de dias apreendida pelo órgão. Frise-se que a Justiça Federal do Matogrosso do Sul determinou que o próprio circo empreendesse uma longa viagem, sem paradas e escoltado pela Polícia Federal, até Brasília para entregar os animais ao zoológico da cidade. Nenhuma menção vimos sobre o elefante Chocolate, também do Le Cirque, que permaneceu 5 dias preso dentro de uma carreta no Zoológico de Brasília, por determinação do próprio zoo. O animal ficou nervoso com a presença de fotógrafos no local e quebrou com a boca a dobradiça da porta da carreta. O bicho ficou preso de sábado (13/09/08) até quarta (17/09/08). Após o episódio, o diretor do zoológico, o mexicano Raul Gonzalez, tentou contato com o dono do circo para retirá-lo do caminhão e acalmar o animal para que a porta pudesse ser consertada.

Sinceramente não entendo como um espécime mal tratado e sofrido, viveria 50, 70, 100 anos sob os cuidados de uma mesma família, tampouco chegaria ao ponto de atingir o ápice da vida, que é a perpetuação da espécie, reproduzindo-se no cativeiro, se estivesse sofrendo. São tantos os exemplos de animais nascidos em circos. São muitos também os reconhecimentos de circenses que lograram êxito na reprodução de espécimes exóticas, a maior parte em extinção, e que possuem ciclos reprodutivos extremamente delicados.

Fontes: Alan Fabre (Criciúma- SC) publicada na Revista Caras como resposta da União Brasileira dos Circos Itinerantes a reportagem "Quando o circo perde a graça"
Dicionário Temático da Lusofonia.

2 comentários:

  1. Acho que todos os artistas devem se manifestar apoiando esta luta: Regulamentar é a palavra.Não podemos admitir que se trate o circo com tanto desrespeito como vem fazendo a Comissão de Educação e Cultura na Câmara dos Deputados!!!

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  2. Olá,

    Gostaria de cumprimentar o Blog pela iniciativa de divulgar a questão e, principalmente, pelo fato de, diferentemente do que vejo quase que na totalidade das vezes em que busco pelo assunto, não ter havido a condenação sumária e sem direito a defesa por parte do Circo.
    Aproveito para colocar-me à disposição.

    Alan Fabre

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