O músico mineiro Pereira da Viola está em Brasília desde o começo da semana. Na segunda e na terça, ele participou do espetáculo Brasil clássico caipira, que ocupou a Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Nesta quinta (20/10), Pereira é atração (com o guitarrista Dillo Daraujo) na primeira noite do projeto Violas, guitarras e outras modernidades, na Sala Cássia Eller.
O primeiro evento promoveu o encontro entre a música caipira e a sinfônica. O segundo, que será realizado hoje e amanhã e continua na quinta e na sexta da semana que vem, sempre às 20h, tem como proposta de mostrar diversas possibilidades da música de viola e promover um diálogo entre a tradição e, como o nome do projeto sugere, a modernidade.
"Há quem diga que, atualmente, a canção chegou num limite. Até por isso, a música de viola, em todas as suas vertentes, é o que de mais novo vem sendo feito. Hoje a violeirada está tocando de tudo: clássico, erudito, popular brasileiro, chorinho, música indiana, flamenca…", observa José Rodrigues Pereira, o Pereira da Viola, 49 anos.
Curador do Violas, guitarras e outras modernidades, o pesquisador musical e violeiro brasiliense Cacai Nunes comenta que o objetivo do projeto é colocar no mesmo palco violeiros e outros músicos que toquem instrumentos de corda, caso do bandolinista Hamilton de Holanda, dos guitarristas Pedro Martins e Dillo Daraujo e do violinista francês radicado no Brasil Nicolas Krassik. "Fazer o casamento de universos musicais distintos", resume Cacai.
Os violeiros convidados, explica o curador, também possuem perfis variados. "Teremos dois violeiros de Belo Horizonte, o Pereira e o Fernando Sodré, mas eles vêm de tradições diferentes. O Pereira é muito mais voltado para a tradição, com uma rica pesquisa da cultura da região do Vale do Jequitinhonha, enquanto o Sodré está mais ligado ao jazz, ao choro. O Caçapa já mostra um outra possibilidade de viola, a viola dinâmica, próxima da dos repentistas". Cacai, assim como Caçapa, tem nas tradições nordestinas um ingrediente de destaque em suas músicas.
Acústico e elétrico
Pereira da Viola tem seis discos no currículo, Terra boa (1993), Tawanará (1996), Viola cósmica (1998), Viola ética (2001), Akpalô (2007) e Pote — a melodia do chão (2010), parceria com Wilson Dias. "No meu trabalho, faço um diálogo com as culturas afro e indígena, então as músicas têm um ritmo acentuado. Mas também tenho outras influências, o que pode ser percebido, por exemplo, quando toco Bolero, de Ravel".
O guitarrista brasiliense Dillo Daraujo passeia com desenvoltura por várias praias, do blues ao baião, do rock ao afro beat — ecletismo que pode ser percebido no DVD Música roqueira popular brasileira. "A gente está num movimento de fusão. É impossível ficar só nos clássicos, você acaba engolido por outras tendências. O mais importante é trazer no seu som a personalidade do instrumentista. E acho que nessa, todos que participam desse projeto estão bem", comenta Dillo, 35 anos, que pretende abrir seu show com o aboio A morte do surubim em versão "ablueseirada".
Sobre o encontro com Dillo, Pereira conta que ainda não sabe o que os dois poderão tocar juntos, mas se diz animado com a jam: "Será uma surpresa, um momento especial".
O dinâmico Caçapa
Amanhã, Rodrigo Caçapa dividirá o palco da Sala Cássia Eller com Hamilton de Holanda. Na ocasião, o violeiro pernambucano lançará seu primeiro disco solo, Elefantes na Rua Nova. Definir sua música em poucas palavras, ele afirma, não é fácil. "É um trabalho autoral e instrumental. Muita gente acha que é música de viola. Na verdade, é música feita na viola. E não é um trabalho de virtuosismo, mas que preza mais os arranjos", explica Caçapa, 36 anos.
Caçapa utiliza a chamada viola dinâmica, a mesma usada pelos repentistas. Sua música bebe de tradições como coco e samba de roda, mas busca outros caminhos. Para as faixas de Elefantes na Rua Nova, Caçapa e banda usaram três violas dinâmicas (plugadas e com efeitos), baixolão e percussão.
O resultado tem um pé na tradição e a cabeça na modernidade. "Acho que o disco reflete minhas inspirações, que passam por música tradicional de rua do nordeste, rock, erudito, tropicália…" Com composições de melodias e texturas bastante ricas, Caçapa acena para os mestres que o influenciaram e, mais do que isso, reforça sua personalidade autoral.
O primeiro evento promoveu o encontro entre a música caipira e a sinfônica. O segundo, que será realizado hoje e amanhã e continua na quinta e na sexta da semana que vem, sempre às 20h, tem como proposta de mostrar diversas possibilidades da música de viola e promover um diálogo entre a tradição e, como o nome do projeto sugere, a modernidade.
"Há quem diga que, atualmente, a canção chegou num limite. Até por isso, a música de viola, em todas as suas vertentes, é o que de mais novo vem sendo feito. Hoje a violeirada está tocando de tudo: clássico, erudito, popular brasileiro, chorinho, música indiana, flamenca…", observa José Rodrigues Pereira, o Pereira da Viola, 49 anos.
Curador do Violas, guitarras e outras modernidades, o pesquisador musical e violeiro brasiliense Cacai Nunes comenta que o objetivo do projeto é colocar no mesmo palco violeiros e outros músicos que toquem instrumentos de corda, caso do bandolinista Hamilton de Holanda, dos guitarristas Pedro Martins e Dillo Daraujo e do violinista francês radicado no Brasil Nicolas Krassik. "Fazer o casamento de universos musicais distintos", resume Cacai.
Os violeiros convidados, explica o curador, também possuem perfis variados. "Teremos dois violeiros de Belo Horizonte, o Pereira e o Fernando Sodré, mas eles vêm de tradições diferentes. O Pereira é muito mais voltado para a tradição, com uma rica pesquisa da cultura da região do Vale do Jequitinhonha, enquanto o Sodré está mais ligado ao jazz, ao choro. O Caçapa já mostra um outra possibilidade de viola, a viola dinâmica, próxima da dos repentistas". Cacai, assim como Caçapa, tem nas tradições nordestinas um ingrediente de destaque em suas músicas.
Acústico e elétrico
Pereira da Viola tem seis discos no currículo, Terra boa (1993), Tawanará (1996), Viola cósmica (1998), Viola ética (2001), Akpalô (2007) e Pote — a melodia do chão (2010), parceria com Wilson Dias. "No meu trabalho, faço um diálogo com as culturas afro e indígena, então as músicas têm um ritmo acentuado. Mas também tenho outras influências, o que pode ser percebido, por exemplo, quando toco Bolero, de Ravel".
O guitarrista brasiliense Dillo Daraujo passeia com desenvoltura por várias praias, do blues ao baião, do rock ao afro beat — ecletismo que pode ser percebido no DVD Música roqueira popular brasileira. "A gente está num movimento de fusão. É impossível ficar só nos clássicos, você acaba engolido por outras tendências. O mais importante é trazer no seu som a personalidade do instrumentista. E acho que nessa, todos que participam desse projeto estão bem", comenta Dillo, 35 anos, que pretende abrir seu show com o aboio A morte do surubim em versão "ablueseirada".
Sobre o encontro com Dillo, Pereira conta que ainda não sabe o que os dois poderão tocar juntos, mas se diz animado com a jam: "Será uma surpresa, um momento especial".
O dinâmico Caçapa
Amanhã, Rodrigo Caçapa dividirá o palco da Sala Cássia Eller com Hamilton de Holanda. Na ocasião, o violeiro pernambucano lançará seu primeiro disco solo, Elefantes na Rua Nova. Definir sua música em poucas palavras, ele afirma, não é fácil. "É um trabalho autoral e instrumental. Muita gente acha que é música de viola. Na verdade, é música feita na viola. E não é um trabalho de virtuosismo, mas que preza mais os arranjos", explica Caçapa, 36 anos.
Caçapa utiliza a chamada viola dinâmica, a mesma usada pelos repentistas. Sua música bebe de tradições como coco e samba de roda, mas busca outros caminhos. Para as faixas de Elefantes na Rua Nova, Caçapa e banda usaram três violas dinâmicas (plugadas e com efeitos), baixolão e percussão.
O resultado tem um pé na tradição e a cabeça na modernidade. "Acho que o disco reflete minhas inspirações, que passam por música tradicional de rua do nordeste, rock, erudito, tropicália…" Com composições de melodias e texturas bastante ricas, Caçapa acena para os mestres que o influenciaram e, mais do que isso, reforça sua personalidade autoral.
Pedro Brandt - Divirta-se Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário